A lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Um dos seus princípios norteadores é a recuperação das empresas, sendo que a decretação de falência é utilizada apenas em último caso.
A crise empresarial é o aparecimento de um grande problema com forte impacto nas operações de um negócio. Existem diferentes tipos de crise empresarial: Falha na gestão financeira, impossibilitando investimentos ou mesmo as operações. Problema nos equipamentos que paralisam a produção.
Uma crise pode acontecer tanto por falhas na parte organizacional da empresa, quanto por fatores externos, como por exemplo, mudanças no mercado em que ela atua, acidentes, falsificação de produtos, entre outros problemas. Na prática, inúmeras empresas falham ao enfrentar alguma crise.
A recuperação judicial é um meio utilizado por empresas para evitar que sejam levadas à falência. O processo permite que companhias renegociem as dívidas acumuladas em um período de crise recuperando as atividades e evitando o fechamento, demissões e falta de pagamentos.
A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
O administrador judicial surgiu como uma figura necessária no contexto de processos judiciais e de recuperação judicial de empresas. Sua função é fiscalizar e auxiliar a administração da empresa em situação de crise financeira, garantindo a transparência e a legalidade dos procedimentos.
No Brasil, o administrador judicial foi instituído pelo artigo 22 da Lei de Recuperação Judicial e Falências (Lei nº 11.101/2005). Essa lei estabeleceu que, nas empresas em recuperação judicial, seria designado um administrador judicial para controlar as atividades empresariais durante o processo.
A criação do administrador judicial teve como objetivo principal evitar a dilapidação do patrimônio da empresa em dificuldades financeiras e garantir uma gestão mais eficiente no período de crise.
O administrador judicial é responsável por acompanhar as decisões da administração, analisar a viabilidade econômica do negócio, gerir o patrimônio da empresa e fiscalizar a correta execução do plano de recuperação.
O surgimento do administrador judicial trouxe mais segurança e proteção para os credores, garantindo que as medidas tomadas durante o processo de recuperação sejam realizadas de forma transparente e legal. Além disso, o administrador judicial também auxilia nas negociações com fornecedores, funcionários e demais interessados no processo de recuperação.
Portanto, o administrador judicial surgiu como uma figura fundamental para a garantia da ordem e transparência nos processos de recuperação judicial, evitando a falência de empresas e preservando os interesses de todos os envolvidos.
O administrador judicial pode ser pessoa física, profissional com conhecimento em direito, administrador de empresas, economia ou contabilidade ou pessoa jurídica especializada, atuando investido na função de órgão auxiliar do jurisdicionado falimentar. Ele deverá adotar medidas de diversas naturezas durante os processos de recuperação judicial e falência.
O administrador judicial é pessoa de extrema confiança, escolhido pelo juízo da falência e recuperação judicial, com capacidade técnica para exercer a função. Ele intermediará todas as fases do processo de Recuperação Judicial, desempenhando com boa diligência as suas atribuições.
A remuneração do administrador judicial é determinada pelo juiz responsável pelo processo de falência, recuperação judicial ou intervenção. Essa remuneração pode variar de acordo com fatores como o porte da empresa em questão, complexidade do processo e valor dos ativos da companhia. O valor da remuneração geralmente é fixado em percentual sobre o montante devido aos credores da empresa, podendo ser limitado por lei.
O juiz geralmente escolhe o administrador judicial com base em critérios como experiência, competência e idoneidade. O administrador judicial deve possuir conhecimento técnico sobre a área em que a empresa está inserida e ter habilidades administrativas para gerir e fiscalizar o processo de recuperação judicial ou falência.
O juiz pode realizar uma avaliação prévia dos candidatos, analisando sua formação acadêmica, experiência profissional e histórico de atuação em casos similares. Além disso, o juiz pode levar em consideração indicações feitas pelos credores e pela própria empresa em recuperação judicial.
O administrador judicial desempenha um papel fundamental na recuperação judicial de uma empresa. Algumas das principais responsabilidades do administrador judicial são:
1.Representar os interesses da massa falida: O administrador judicial age como representante legal da empresa em recuperação judicial, buscando proteger os interesses dos credores e da própria empresa durante todo o processo.
2.Analisar e avaliar a situação econômico-financeira da empresa: O administrador judicial tem a função de realizar uma análise detalhada da situação financeira da empresa em recuperação, avaliando suas dívidas, ativos, passivos e capacidade de recuperação.
3.Elaborar o plano de recuperação judicial: Com base nas informações obtidas, o administrador judicial colabora na elaboração do plano de recuperação judicial, que consiste em um conjunto de medidas e estratégias para reestruturar a empresa e viabilizar sua continuidade.
4.Fiscalizar o cumprimento do plano de recuperação judicial: Durante todo o processo, o administrador judicial atua como fiscalizador, verificando se a empresa em recuperação está cumprindo as obrigações estabelecidas no plano de recuperação e tomando as medidas necessárias para garantir o seu cumprimento.
5.Gerenciar os recursos da empresa: Durante o processo de recuperação judicial, o administrador judicial é responsável por gerenciar os recursos da empresa, buscando equilibrar as necessidades da empresa com as demandas dos credores.
6.Preparar relatórios periódicos: O administrador judicial deve apresentar relatórios periódicos ao juiz responsável pelo caso, informando sobre o andamento do processo de recuperação e a situação da empresa.
Em resumo, o administrador judicial desempenha um papel essencial na recuperação judicial, atuando como representante legal da empresa e colaborando para viabilizar sua reestruturação e continuidade. É importante ressaltar que suas responsabilidades podem variar de acordo com a legislação de cada país.